Manifesto da 17ª Marcha do Orgulho LGBT de Lisboa



Celebrar
as diferenças, transcender o género!
Manifesto da Marcha
do Orgulho LGBT – Lisboa 2016
Saímos à rua em Lisboa pela 17ª
vez para marchar com cada vez mais orgulho em transcender o
género
. As pessoas lésbicas, gays, bissexuais e trans, conhecem bem
a violência desse sistema de regras e de papéis rígidos, um sistema de
binarismos, proibições e punições que nos limita e que nos quer dizer quem
somos, o que somos, como nos devemos expressar ou com quem e como  nos devemos
relacionar. Saímos à rua para mostrar que recusamos a repressão da diversidade
de género e que vamos continuar a transcender a opressiva norma binária porque celebramos todas as nossas diferenças!
Ao assinalarmos uma década sobre
o assassinato de Gisberta, no Porto, saímos à rua também em Lisboa para
recordar que a violência é usada para silenciar as nossas diferenças. Saímos à
rua porque é urgente dar prioridade aos direitos das pessoas
trans
.
TRANScender o género é
despatologizar as identidades trans e privilegiar a autonomia de todas as
pessoas trans na definição de si próprias, quer na lei, quer na saúde, quer na
sociedade. É afirmar a necessidade de incluir a identidade e a expressão de
género no artigo 13º da Constituição. E é exigir os cuidados de saúde
competentes que respeitem essa autonomia, incluindo finalmente cirurgias com
garantias de qualidade no SNS.
Mais: transcender o género é
recusar as mutilações à nascença feitas a crianças intersexo, uma aberrante
violação de Direitos Humanos perpetrada em nome da normalização do sexo-género.
Saímos à rua para uma vez mais
chamar a atenção para a saúde, que ainda está longe
de ser para todas as pessoas. Porque o género continua a pôr em causa o acesso
à saúde sexual e reprodutiva.Porque o preconceito sempre assente no género está
também na base dos critérios estigmatizantes, discriminatórios e errados que
continuam a vedar a doação de sangue a todos os “homens que têm sexo com
homens”. Porque a discriminação das pessoas LGBT no acesso à saúde continua a
impedi-las de recorrerem com segurança a profissionais de um serviço público
tão fundamental. Porque continuamos a precisar de estratégias integradas de
prevenção do VIH que incluam o acesso à profilaxia pré-exposição (PrEP), sempre
a par de estratégias de combate à discriminação e ao estigma associados ao VIH.
Saímos à rua para recusar todas
as violências que os papéis de género continuam a
impor: os crimes de ódio que são cometidos contra nós e que continuam a
acontecer em silêncio, o bullying nas
escolas mas também em casa ou no local de trabalho, os suicídios de quem sofre
por se afirmar ou por não se poder
afirmar
. Acabar com toda a violência da discriminação só é possível
transformando a sociedade, para o que são fundamentais a intervenção política,
a educação sexual, a educação para a cidadania, a sensibilização e formação
para a diversidade alargadas.
Saímos à
rua para mostrar que somos pessoas com uma enorme diversidade: pessoas trans,
pessoas de todas as origens étnicas e nacionais, requerentes de asilo, pessoas
com necessidade especiais, pessoas que exercem trabalho sexual, pessoas de
várias religiões, pessoas que têm diferentes modelos relacionais e familiares,
pessoas idosas e jovens, pessoas arromânticas, assexuais, bissexuais, lésbicas,
pessoas que estão em relações poliamorosas e não-monogâmicas consensuais, mas
sempre pessoas com Direitos Humanos inalienáveis. Saímos à rua para celebrar as diferenças e dizer que cada pessoa tem que
poder ser reconhecida na interseção das suas várias identidades – e  ter
direito a todos os direitos.
Saímos à rua para celebrar
vitórias legais que já alcançámos e afirmar as que estão por conseguir: nossa
luta está só a começar.
Saímos à rua em Lisboa, pela 17ª
vez, para dizermos em conjunto que  continuaremos a lutar, com cada vez
mais força, que é a força de todas as nossas diferenças.
Saímos à rua para marcharmos com
orgulho em CELEBRAR AS DIFERENÇAS e TRANSCENDER O GÉNERO! 
Subscrevem:  

Academia Cidadã
actiBIstas – coletivo pela visibilidade bissexual
AMPLOS
APF – Associação para o Planeamento da Família
Bichas Cobardes
Conselho Nacional da Juventude
GAT
Grupo Transexual Portugal
ILGA Portugal
Lóbula
Marcha Mundial das Mulheres – Portugal
não te prives
O Clítoris da Razão
Opus Gay
Panteras Rosa
PolyPortugal
Precários Inflexíveis
rede ex aequo
Rota Jovem
SOS Racismo
UMAR