Amesterdão bane jatos privados, mas em Portugal duplicam


Esta semana, nos Países Baixos, o terceiro maior aeroporto da Europa baniu jatos privados. Fê-lo apenas após mais de 500 ativistas bloquearem a sua pista.

Citando “uma quantidade desproporcional de CO2 por passageiro”, o aeroporto de Schiphol irá garantir, em menos de dois anos, que jatos privados “não sejam bem-vindos”. Fá-lo não por realismo climático, ou benefício económico, mas porque a sociedade já havia tornado jatos privados ilegítimos.

Em novembro do ano passado, mais de quinhentas pessoas entraram na pista do aeroporto, e durante 6 horas e meia bloquearam todos os voos de jato. Prometeram voltar, e no mês passado repetiram a proeza em Eindhoven.

Por todo o mundo a sua inspiração espalha-se: primeiro bloqueiam-se pistas, depois inviabilizam-se os raios-x que permitem descolagens. Todo este conflito é, contudo, o mínimo. Estamos numa autoestrada para o colapso, e os ultra-ricos agarram firmemente o volante.

Desde as ações holandesas, o movimento por justiça climática prometeu tornar do luxo assassino um prejuízo tremendo. A crise aumenta, o povo não aguenta, e táticas ficam mais arrojadas sem limite à vista. Promete-se, por uma vez, estar à altura da ameaça real que o luxo de poucos coloca à nossa sobrevivência.

Assim temos contexto para imaginar uma das raras reuniões sérias na história da crise climática: Nos Países Baixos pesou-se a ambição infinita do movimento social, contra os caprichos dos supostos todo-poderosos. A ambição ganhou. Jatos privados foram banidos e, se os relatórios da ONU são de fiar, vidas foram salvas.

Por cá, duplicaram este ano as emissões de jatos privados, e Lisboa-Tires pauta a vergonha internacional de ser o 2o troço mais intensivo de carbono da Europa.

Resta saber quanto tempo Portugal aguenta sem reuniões sérias.

Artigo publicado originalmente no Público.

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