“Guerra às drogas” no Porto ameaça deixar habitantes dos bairros sem casas


“Rui Moreira, presta atenção, a tua casa vai virar Okupação!”

Rui Moreira o presidente do Porto Morto, está a participar numa guerra às drogas ao estilo Filipino. A polícia tem ordenado dezenas de intervenções nos bairros do Porto, com destaque recente para o bairro da Pasteleira.

O presidente quer criminalizar o consumo de droga nas ruas e ameaça todas as pessoas que alberguem traficantes de ficarem sem casa.

O Público noticiou que “quem albergar traficantes em fuga também perde o direito a viver numa das casas do parque habitacional camarário.”

O aumento da presença do consumo e tráfico de droga na Pasteleira está relacionado com a demolição do Bairro do Aleixo.

“Durante a operação policial de quinta-feira 15 pessoas foram detidas, entre elas moradores que nalguns casos são obrigados a cooperar com os traficantes para não sofrerem represálias, abrindo a porta de casa para que quem está a ser perseguido pela polícia se possa esconder – designadas informalmente como casas de recuo.

Em conferência de imprensa, Moreira avançou que os apartamentos usados por traficantes de drogas para se esconderem durante estas operações policiais serão desocupadas, como já acontecia com as fracções usadas para tráfico.”

O regulamento da habitação camarária do Porto já prevê que quem é condenado por tráfico perca o direito a habitação social. Pergunta-se se o mesmo acontecerá a quem usa o seu apartamento como casa de recuo. “[Também] não podem”, respondeu Moreira.

“Tendo em conta as circunstâncias, o PÚBLICO perguntou quantas pessoas correm o risco de perder casa. “Não faço ideia. Não sou polícia, não sei. Aquilo que me disseram é que foram feitas 15 ou 16 detenções. Portanto, essas pessoas não podem viver [em bairros camarários], não merecem ter habitação social. A habitação social é para aqueles que precisam”, afirmou o autarca independente a cumprir o último mandato.

Rui Moreira, em resposta aos jornalistas, adiantou que, anualmente, cerca de duas pessoas perdem o direito a viver em habitação social após condenação por tráfico de droga. Na operação do bairro da Pasteleira Nova foram detidas 15 pessoas. “Se as pessoas forem condenadas nós actuaremos em conformidade como já fizemos no passado e continuaremos a fazer”, assegurou.

Público

O DN noticiou que “seis bancas instaladas na Pasteleira Nova vendem mais de 18 mil doses e “faturam” cerca de cem mil euros por dia. Lucros avultados forçam pactos de não agressão entre redes criminosas e compram colaboração com moradores.”

Em 2022 Rui Moreira relatava que enquanto “passava junto à estação de S. Bento acompanhado pelo comandante da Polícia Municipal quando, provavelmente sem se aperceber de quem era, um indivíduo tentou vender-lhes droga.”

O DN escreve que:

Algumas “firmas” optam por um método diferente e preferem usar apartamentos do próprio bairro para guardar o produto proibido. São as casas de recuo, que custam às redes criminosas até 400 euros por dia. Mais baratas são as residências que os traficantes utilizam para se esconderem, ou para ali abandonarem a droga, durante operações policiais. Nestes casos, pagam cerca de 150 euros por cada entrada no apartamento.

“Também há casos em que os arrendatários dos apartamentos recebem até três mil euros mensais para sair do bairro. Mantêm a casa em seu nome e pagam todas as contas para não levantar suspeitas, mas cedem-na definitivamente às organizações criminosas para que a usem a seu bel-prazer”, explica fonte policial.

Muitos dos moradores da Pasteleira Nova são seduzidos pelas elevadas quantias oferecidas e passam a ser mais uma peça do complexo puzzle montado no bairro. Há, todavia, quem resista ao dinheiro e acabe por ceder às ameaças de traficantes. “Uma casa vazia no bairro vale ouro”, garante a mesma fonte.

Por uma ou outra razão, na Pasteleira Nova vigora a “omertà”, código criado pela máfia italiana que proíbe revelar à Polícia (ou aos jornalistas) os segredos que ali se escondem. Ninguém fala e todos fogem.

DN

Mais do que deixar pessoas sem casas, urge abordar o problema das drogas de forma construtiva, procurando dar dignidade aos consumidores e apoiar as comunidades dos bairros de formas saudáveis como tem feito o project Cultura em Expansão que frequentemente leva concertos e peças de teatro ao Bairro da Pasteleira, oferencendo uma alternativa social e artística ao tráfico e consumo de drogas às populações dos bairros, em vez de as marginalizar e criminalizar como tem feito Rui Moreira.

É esta a cidade de que Rui Moreira é presidente, e portanto, é da sua responsabilidade a solução dos problemas, não com policiamento nem violência mas com soluções concretas, que garantam uma vida digna para todas as habitantes da cidade, o fim dos despejos e o fim da guerra às drogas.

via Público e Brigada Insustentável

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