Onda repressiva contra o movimento anarquista italiano


O Estado italiano está a perseguir aqueles que se solidarizaram a Alfredo Cospito e Anna Beniamino.

A luta continua até que todos sejamos livres.

Gostaríamos de aproveitar estas linhas para fazer um ponto de situação sobre a situação dos camaradas anarquistas Alfredo Cospito e Anna Beniamino e sobre o contexto repressivo que se vive na Itália nos últimos meses. Alfredo Cospito iniciou a sua greve de fome contra o regime prisional de 41BIS e a prisão perpétua em outubro de 2022. Após 181 dias de confronto direto com o Estado, terminou a greve na sequência da decisão do Tribunal Constitucional de abrir caminho a uma redução da pena após a decisão anterior de lhe atribuir a prisão perpétua.

No passado dia 26 de junho, o Tribunal de Recurso de Turim fixou as penas do processo referente ao caso Scripta Manet para Anna Beniamino e para Alfredo Cospito: 17 anos e 9 meses e 23 anos, respetivamente, anulando assim a opção inicial de prisão perpétua. É também de referir que o camarada foi novamente transferido para a prisão de Bancali ao abrigo do 41BIS. Ambos os camaradas têm pela frente uma longa pena por terem levado a cabo uma prática anarquista. É por isso que continuaremos a mostrar solidariedade e a vingar-nos por eles e por todos os prisioneiros. Alfredo ainda está no regime desumanizador do 41BIS, a sua luta durante todos estes meses foi inspiradora para muitos. Ao mesmo tempo, durante o mês de junho de 2023, começou uma onda de repressão em toda a Itália por causa de todas as manifestações de solidariedade que tiveram lugar nos últimos meses.

Em Bolonha, foi aberto um inquérito pela polícia conhecida como ROS, contra alguns camaradas. Estes terão “organizado uma associação de estilo anarco-insurrecionalista que se propõe realizar atos de violência com o objetivo de subverter a ordem democrática, estruturada de forma não hierárquica e espontânea (…)”. Toda esta investigação é enquadrada por algumas ações de solidariedade com Alfredo:

– Ataques contra repetidores de telecomunicações no verão de 2022.

– Interrupção de uma missa na Igreja do Sagrado Coração de Bolonha em novembro de 2022

– Ocupação de uma grua no centro da cidade de Bolonha em dezembro de 2022

– Ação contra a empresa MARR em novembro de 2022

Esta última ação teve lugar no passado dia 5 de novembro. A MARR é uma empresa envolvida e ligada ao fornecimento de alimentos às prisões e aos centros de deportação de imigrantes e, em junho, houve também buscas na Basilicata e em Trieste, mais uma vez levadas a cabo pela seção antiterrorista. Ao mesmo tempo, em Milão, foram notificadas medidas cautelares para os camaradas que tinham participado na marcha realizada em 11 de fevereiro na mesma cidade em solidariedade com Alfredo. No total, os companheiros reprimidos estão sujeitos a seis medidas: uma proibição de permanência em Milão, duas proibições de permanência em Milão com obrigação de assinatura e três obrigações de permanência na área de residência.

O Estado quer, mais uma vez, punir os solidários e tentar quebrar os laços de solidariedade política através da repressão e da punição. É também importante lembrar os camaradas já presos; a greve acabou, mas a luta contra as prisões continua.

Nossa paixão pela liberdade é mais forte que toda autoridade.

Tradução > Liberto

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Paulo Leminski