[Espanha] Médicos libertários, contra o fascismo e a opressão


O anarcossindicalismo libertário teve destacados profissionais da medicina que foram perseguidos e represaliados pelo franquismo e o fascismo. Nas quatro seguintes reportagens, o escritor Víctor Moreno nos traz as histórias de alguns deles: Amparo Poch Gascón, Félix Martí Ibáñez, Javier Serrano y Coello e Isaac Puente Amestoy, este último fuzilado em 1936. Figuras todas elas desconhecidas e cujas vidas bem merecem ocupar um vazio de nossa memória democrática.

 Amparo Poch Gascón: feminista, escritora e antifascista

Desde menina, Amparo Poch Gascón, quis estudar medicina, mas seu pai se opôs radicalmente: “Não é carreira própria de mulher”, sentenciou. Ainda assim, e depois de cursar Magistério, se matriculou em Medicina, seu grande sonho. Aí se destacou acima de seus companheiros homens: matrículas em todas as matérias, colocando-se como uma das primeiras alunas da Faculdade. Desde o princípio, Amparo Poch mostrou sua atitude radical feminista, muito antes de ingressar no anarquismo.

Félix Martí Ibáñez, médico e intelectual

Sobrinho do escritor Vicente Blasco Ibáñez, Félix Martí Ibáñez estudou medicina em Barcelona, licenciando-se com 22 anos. Mais que um anarquista nato, se mostrou antifascista, defendendo um respeito, inusual na época, a todas as ideologias políticas que defendiam o projeto não confessional e político que representava a República. Foi o grande artífice da primeira lei do aborto que houve na Espanha ou, mais precisamente, na Catalunha. Martí procedia da corrente eugênica, daí que enfatizasse como médico nos aspectos como o controle da natalidade, o aborto livre, a proteção sócio-sanitária à infância, criação de liberatórios da prostituição, centros de informação juvenil e sexual.

Javier Serrano y Coello, o “médico benfeitor”

O médico espanhol que melhor representou a luta pela defesa do proletariado em matéria de saúde. Serrano era anarquista, mas não descuidava os aspectos reformistas que a melhora sanitária dos trabalhadores requeria de imediato. Daí que, inclusive, dentro da militância libertária médica, algumas de suas propostas não receberam o aplauso que mereciam, sendo, pelo contrário, tachado de burguês e de reformista, uma das razões pelas quais a direção do sindicato (CNT) não viu com bons modos suas abordagens.

Isaac Puente Amestoy, médico, anarquista, libertário

No terreno do sindicalismo sanitário, Isaac Puente foi um dos promotores da Federação Nacional de Indústria de Saúde da CNT. Como médico, defendeu o maltusianismo e o naturismo. Após o levante militar de julho de 1936, foi detido em 28 de julho de 1936 e transladado ao cárcere de Vitoria. Na noite de 31 de agosto foi tirado do cárcere e fuzilado no desfiladeiro de Pancorbo (Burgos). Como em tantos outros casos, sua casa, patrimônio e bens pessoais foram espoliados pelo regime, ao mesmo tempo que tentaram sepultar seu nome no abismo do esquecimento.

Fonte: https://www.nuevatribuna.es/articulo/cultura—ocio/medicos-libertários/20230711124511214252.html?utm_campaign=twitter

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

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