O sistema carcerário português não tem estado na ordem do dia da imprensa portuguesa, mas devia. Com as mortes recentes de pessoas encarceradas, ainda por esclarecer, este sistema em que, só nos últimos cinco anos, perderam a vida cerca de 300 pessoas, mantém-se calmamente longe do escrutínio da imprensa e dos partidos, ficando a sua análise crítica circunscrita a um lamentavelmente pequeno círculo de activistas e entidades. A crise pandémica que só terminou nos holofotes da imprensa, levou a ainda mais arbitrariedades e atropelos à mais básica decência nas condições de vida das pessoas encarceradas. Mas não foi o Covid-19 que tornou as regras de visitação arbitrárias, que criou a violência prisional, que fez das cantinas prisionais um filme de terror de baixíssimo orçamento. Qual é então a realidade do sistema carcerário português? Quais são verdadeiramente os seus pontos críticos mais censuráveis. Será possível reformá-lo no actual quadro económico e político?
Para debater essas questões tivemos a presença de Vítor Ilharco, secretário geral da APAR – Associação Portuguesa de Apoio ao Recluso.
Debate realizado em 14 de abril de 2022.
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