Raízes africanas do Alentejo, em escavação arqueológica aberta a visitas


Raízes africanas do Alentejo, em escavação arqueológica aberta a visitas

A Associação Batoto Yetu Portugal leva-nos, no próximo sábado, 5, à escavação arqueológica no Monte do Vale de Lachique, em São Romão do Sado, que visibiliza as raízes africanas do Alentejo e pretende “reflectir sobre os impactos sociais e ambientais gerados pela escravidão em Portugal”, e a forma como as comunidades resistiram. A visita insere-se no programa “A Ilha dos Negros”, que combina caminhada, conhecimento e convívio, rematado por um almoço. Os últimos lugares estão a desaparecer, por isso apressem-se!

Texto por Afrolink

Foto extraída da capa do livro “Os «Pretos do Sado»

Desde o ano passado a guiar-nos por trilhos que evidenciam o impacto da presença africana na região do Sado, no âmbito do programa “A Ilha dos Negros”, a Associação Batoto Yetu Portugal regressa à estrada no sábado, 5, com uma novidade no percurso: a escavação arqueológica no Monte do Vale de Lachique, no concelho de Alcácer do Sal.

Aberta a visitas até ao próximo dia 25 de Agosto, essa escavação, situada no concelho de Alcácer do Sal, insere-se no projecto “Ecologias da Liberdade”, “que se dedica a estudar os efeitos ambientais do colonialismo e da escravidão na Guiné-Bissau e em Portugal, e também a forma como as comunidades lhes resistiram”.

O trabalho propõe-se visibilizar as raízes africanas do Alentejo, e mobiliza uma equipa internacional, dirigida por Rui Gomes Coelho e Sara Simões, da Universidade de Durham, Reino Unido e do Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa.

Com ele antecipa-se mais um passo importante para a desocultação das heranças negras em Portugal.

“Este é um projeto que pretende evidenciar a longa presença africana no Vale do Sado [Alcácer do Sal] e, de forma muito particular, as pessoas que foram escravizadas e levadas para a região a partir do século XV”, adiantou à agência Lusa Rui Gomes Coelho.

“Durante muito tempo [esta comunidade] foi conhecida como ‘negros do Sado’ e isso gerou uma série de preconceitos que foram sentidos até muito recentemente”, prosseguiu o arqueólogo, sublinhando que “essas pessoas não eram sujeitos passivos e criaram formas próprias de socialização e de luta e que deram contributos para uma cultura comum no Alentejo”.

Para o especialista, “considerando todos estes legados, podemos considerar mesmo Portugal como o país mais africano da Europa”.

Uma História para conferir no sábado, na visita promovida pela Batoto Yetu Portugal.

Inscrições e mais informações em batotoyetu@gmail.com

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