ATERRA entrega mais de 9 mil assinaturas a favor do comboio noturno ao Ministro das Infraestruturas


Na passada quinta feira, representantes do movimento ATERRA foram recebidos durante 30 minutos pelo Ministro das Infraestruturas, João Galamba, e pelo Secretário de Estado, Frederico Francisco, para darem voz a mais de 9 mil pessoas que exigem a reposição dos comboios noturnos entre Portugal, Espanha e França.
A petição internacional, que ainda pode ser assinada, foi lançada pela rede Back on Track train coalition depois de, em março de 2020, o Sud Expresso (Lisboa-Hendaye) e o Lusitânia (Lisboa-Madrid) terem sido suspensos a pretexto da pandemia da Covid-19, tornando Portugal uma ilha isolada no mapa ferroviário europeu.
Em nome do movimento ATERRA, e vestidos de pijama, Anne e Hans aproveitaram a oportunidade para lembrar aos governantes que se trata de uma luta conjunta entre coletivos em Portugal, Espanha e França, tendo nesse mesmo dia decorrido uma concentração em pijama e entrega da petição no Ministério de Transportes espanhol, a convite da Alianza por el Clima e da Alianza Ibérica por el Ferrocarril, seguindo-se em breve reuniões entre o coletivo francês Oui au train de nuit e o respetivo ministério.
A suspensão dos comboios noturnos contraria a tendência atual na Europa, onde os comboios noturnos estão a experimentar um revivalismo, com novas ligações como Roma – Amesterdão, Viena – Munique – Paris, Zurique – Amesterdão, Berlim – Bruxelas, Berlim – Paris a serem estabelecidas.
Enquanto tanto o ministro como o secretário de estado sublinharam o seu compromisso com o desenvolvimento da ferrovia, Galamba voltou a afirmar que existem outras prioridades a nível da ferrovia num país como Portugal. Algo que o movimento ATERRA não podia deixar passar em claro, dado que a reposição dos comboios noturnos não exige a construção demorada de novas infraestruturas, dado que se podem aproveitar as linhas existentes no horário noturno, de pouca procura, evitando o congestionamento diurno das linhas atuais.
Os governantes ainda expuseram a sua preocupação com a viabilidade financeira do serviço, argumento que não pode colher face aos subsídios públicos desmedidos que a aviação recebe, nomeadamente pela isenção de impostos sobre o combustível e pelos resgates financeiros no contexto da pandemia. A ATERRA lembra que a aviação é o modo de transporte com as maiores emissões de gases com efeito de estufa por passageiro-km, ao invés da ferrovia, uma alternativa ecológica e confortável para viagens longas.
Outro assunto discutido foi a dificuldade de subvencionar diretamente o serviço devido às limitações impostas pela União Europeia em defesa da “livre concorrência” que, no caso em apreço, não é mais do que um espantalho, dada a falta de oferta. De acordo com as informações prestadas pelos governantes, também não fora possível adquirir locomotivas diesel-elétricas à RENFE, mesmo que estivessem fora de serviço, para colmatar alguma falta de material circulante.
Ao sair da reunião, os representantes do movimento ATERRA voltaram a afirmar a urgência de recuperar os comboios noturnos que conectam a Península Ibérica com a Europa, havendo uma procura social por este tipo de serviços como forma de mobilidade eficiente e sustentável, tendo os Sud Expresso e Lusitânia transportado dezenas de milhares de passageiros todos os anos, e sendo a ferrovia uma alternativa ao avião para cumprir os objetivos de redução de emissões de gases com efeito de estufa e proporcionar uma melhor qualidade de vida.
Os comboios noturnos na Península Ibérica, em 2009 e atualmente

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