13 motivos para vires Parar o Porto de Gás no dia 13 de Maio


Podes ler mais sobre porquê a plataforma Parar o Gás existe AQUI e perguntas e respostas sobre a ação de 13 de Maio AQUI.


No dia 13 de Maio vamos travar com as nossas próprias mãos o funcionamento da entrada principal de gás em Portugal – o Terminal de Gás Natural Liquefeito no Porto de Sines. Este será um protesto criativo e disruptivo de resistência civil.

Porquê? Aqui ficam 13 motivos pelos quais o fazemos e precisamos da tua ação e coragem para te juntares a nós!

1. As empresas fósseis estão a cometer crimes contra a humanidade, lucrando como nunca. Fomos roubadas e enganadas de forma escandalosa e desumana. Não aceitamos mais.

2023 começou com uma inflação sufocante para nós e com lucros recorde para as petrolíferas de todo o mundo. Portugal não foi excepção: A Galp obteve os maiores lucros na sua história, ao mesmo tempo que milhões de famílias em todo o mundo têm de lutar para pagar as suas contas. Lucrarem com a nossa pobreza ao mesmo tempo que nos levam rumo ao caos climático é um crime contra a humanidade.

Em 2021 e 2022 as empresas fósseis subiram o preço de gás, e com isto o preço da energia e de todos os bens essenciais aumentaram catastroficamente. Tal levou ao aumento da inflação, e de todos bens. Este aumento do preço de gás, justificado pela “crise energética” e “falta de gás” devido à invasão da Rússia na Ucrânia, foi directamente para os bolsos dos acionistas.

Agência Internacional de Energia refere taxativamente: “Os altos preços da energia estão a causar uma enorme transferência de riqueza dos consumidores para os produtores, para níveis similares aos de 2014 no caso do petróleo, mas totalmente sem precedentes no caso do gás natural. Os preços altos dos combustíveis são responsáveis por 90% do aumento dos custos médios da geração de eletricidade a nível global, com o gás natural à cabeça, sendo responsável por mais de 50% do aumento.” Os bancos centrais agravaram ainda mais a situação aumentando as taxas de juro.

2. Em abril bateram-se recordes de temperatura, com mais de 35ºC e só vai piorar – nada é mais assustador do que as ondas de calor, incêndios e cheias que vamos enfrentar se não pararmos gás.

Queremos a primavera. Temos medo das ondas de calor – no ano passado dezenas de milhares de pessoas morreram na Europa devido às ondas de calor. Sabemos que só vai ficar pior. Os cientistas dizem que no final deste ano poderemos enfrentar ondas de calor como nunca antes vistas. Se nada parar, teremos novos recordes de temperatura em 2023. Sem ação climática decisiva não conseguiremos evitar os efeitos já devastadores de um planeta a arder. Sabemos que parar o gás tem consequências, e que, ao fazermos esta ação, teremos de enfrentar a polícia e desobedecer a leis. Nada disso é mais assustador do que repetição de incêndios como os de Pedrogão Grande e as secas constantes e permanentes.

3. A REN aposta na expansão deste Terminal de Gás. Eles não têm planos para parar.

Atualmente o porto recebe 5.5 mil milhões de metros cúbicos de GNL por ano. Portugal recebe, em média, seis navios por mês com GNL.
O governo português insiste na aposta do Porto de Sines como possível porta de entrada de gás para a Europa. A REN tem planos para uma expansão do Terminal de GNL em Sines. Estas escolhas, mascaradas de transição, não são mais do que a tentativa da indústria fóssil de aumentar os seus lucros e a demonstração da sua incapacidade de resolver ou deixar resolver a crise climática.
Qualquer cenário que não garanta um corte substancial e rápido da importação de gás fóssil em Portugal é um caminho para o colapso climático.

A única opção quando eles não pararam de nos conduzir ao caos climático e social depois de todos os pedidos, avisos, informação e diálogo, é travá-los com as nossas mãos e corpos.

4. Tem de ser toda a sociedade, todas as gerações.

Durante vários dias, estudantes de escolas e faculdades ocuparam os seus estabelecimentos de ensino pelo fim ao fóssil. Não podem ser só os jovens e estudantes a lutar com o seu corpo para travar a crise climática. Isto não é um problema do futuro, a crise climática está aqui e agora. Isto não é um problema para ser deixado nos ombros das gerações mais novas que menos responsabilidade têm. Tem de ser toda a sociedade, têm de ser todas as gerações, temos de ser todas nós.

5. A GALP assinou novos contratos que nos prendem a gás fóssil até 2047. Eles não têm planos para parar.

A GALP tem planos de expansão energética. Quer duplicar a produção de petróleo e gás no Brasil, Angola e Moçambique até 2030. Para além dos contratos actuais, a GALP assinou um novo contrato de importação de gás fóssil para Portugal vindo do Texas com prazos até 2047.

A organização não-governamental Greenpeace alerta que as emissões poluentes na União Europeia (UE) podem aumentar em 32% pela construção de infra-estruturas e contratação de gás natural liquefeito (GNL), sendo este contrato feito pela Galp um dos responsáveis por este aumento.

A única opção quando eles não pararam de nos conduzir ao caos climático e social depois de todos os pedidos, avisos, informação e diálogo é travá-los com as nossas mãos e corpos.

6. As empresas fósseis nunca irão fazer uma transição justa. Temos de ser nós a pará-las.

O gás fóssil foi introduzido em Portugal em 1997 quando as empresas e o governo já sabiam que era preciso fazer uma transição para fora dos combustíveis fósseis. A eletricidade em Portugal não era produzida através de gás nessa altura. Entretanto, desde então temos 4 centrais de produção de eletricidade a gás. Eles falharam em garantir uma transição justa. Nem as empresas nem os governos têm planos de deixar de usar gás até 2040. Os planos deles levam-nos a um aumento da temperatura acima dos 2ºC. Os planos deles não garantem nem justiça, nem transição.

O gás bloqueia uma transição. Parar o gás e colocar a energia como um bem essencial, gerida pela e para as pessoas é a única forma de garantirmos uma transição justa.

7. Os governos falharam-nos e não têm um plano.

Em Portugal não há qualquer plano para acabar de utilizar gás fóssil até 2040. Os planos que os sucessivos governos apresentam, se forem cumpridos – que não estão a ser – põem-nos acima dos 1.5ºC de aumento de temperatura antes de 2040. A União Europeia declarou “gás natural” como uma energia “verde”, permitindo às empresas fósseis desviarem fundos que deveriam ir para uma transição justa e continuar o seu “greenwashing”. As instituições não estão a proteger as pessoas nem a salvaguardar a nossa segurança. Há mais de 30 anos que estão a apresentar planos falhados e a ser dirigidas pelos interesses das empresas fósseis. Quando tal acontece, é preciso toda a sociedade agir. Assim, participamos em conjunto em protestos de massas, usando os nossos corpos para garantir que a mudança que é precisa, acontece. Participamos para garantir que não continuamos a ser enganadas.

8. Em pleno 2023 continuamos a receber gás da Rússia.

Dados da Direcção-Geral de Energia e Geologia mostram que em Fevereiro chegaram 102.217 milhões de metros cúbicos de gás da Rússia, acima das compras à Nigéria.
Importar e utilizar gás é alimentar as múltiplas violências a que este está associado.

9. O plano de paz para soberania energética é 100% eletricidade renovável e acessível a todas as pessoas até 2025. Para isso, temos de deixar de usar gás.

Em Portugal, o gás fóssil é utilizado em grande maioria para produzir eletricidade. A energia é um direito, não um luxo. A eletricidade produzida 100% através de energias renováveis é muito mais barata que a fóssil, podendo com os devidos apoios até ser gratuita. O plano de paz e de soberania energética que trava as alterações climáticas e que permite sairmos da crise do aumento do custo de vida é ter 100% eletricidade renovável e acessível a todas as famílias até 2025, em Portugal.

É urgente libertarmo-nos do gás fóssil e (re)conquistarmos o sector energético, sendo este gerido pelas e para as pessoas. Cabe a nós garantir que paramos o gás fóssil.

A execução desta medida passa por: aumentar a capacidade instalada de produção; adaptar a rede elétrica (smart grids); garantir a estabilidade e inércia da rede através de mais interligações e da energia hídrica. A sociedade tem capacidade e poder para se organizar e responder a esta crise de forma colectiva, gerando centenas de novos postos de trabalho públicos, e implementando democracia energética.

Sugerimos consultares o artigo “Eletricidade 100% renovável até 2025” de Empregos para o Clima.

10. Parar o gás é calar o Ventura.

Os fascistas e outros movimentos autoritários são um sintoma de uma civilização em degradação. O capitalismo e os seus políticos estão a dirigir-nos a crises permanentes de água, comida, saúde pública de energia e sobrevivência. É destas crises que a extrema direita se alimenta, agravando-as ainda mais.

Hoje, travar a extrema-direita passa por travar o que alimenta o crescimento da extrema-direita: o aparelho institucional e a infraestrutura fóssil que nos leva ao caos climático.

Adicionalmente, a extrema-direita é o último garante da indústria fóssil: quando as empresas fósseis estiverem em colapso, estas vão garantir que a extrema-direita cresce e vence, para poderem manter o seu poder. Assim travar a extrema-direita passa por parar a indústria fóssil.

Escolhemos um caminho que não seja viver em caos climático dirigido por governos fascistas. Escolhemos uma sociedade justa, que trava a crise climática e na qual a energia é um bem essencial e acessível a todas as pessoas.

11. Parar o gás é uma luta anti-colonialista e de libertação dos povos.

A maioria do GNL que é importado para Portugal é proveniente da Nigéria (53.5% em 2019). Este deve-se sobretudo a contratos de longo prazo entre a Galp e a Nigeria LNG Limited (NLNG). A Endesa e a Naturgy possuem igualmente contratos com esta empresa.
Estas construções só são possíveis através da expropriação das comunidades recorrendo à força militar para forçar as deslocações e travar os seus protestos. Estas comunidades foram deslocadas à força para para áreas onde não têm acesso às suas fontes tradicionais de rendimento (pesca e cultivo de certas culturas).
A extração de combustíveis fósseis implica zonas de sacrifício. Zonas de sacrifício implicam pessoas descartáveis que, por sua vez, dependem de um sistema racista e violento. As multinacionais fósseis expropriaram terras, subornaram governos e utilizaram a força militar e exércitos privados para a proteção dos seus lucros. São entidades criminosas e corruptas, que colocam os interesses dos acionistas acima da vida e de qualquer valor social e ecológico.

12. Somos o travão de emergência.

Imagina que estás num autocarro com outras pessoas. Em toda a estrada há sinais que o caminho acaba num precipício. É essa a direção que quem conduz mantém. Há quem acelere e há quem tente diminuir a velocidade. De ambas as formas, continuamos em direção ao precipício. Há um travão de mão. O que fazes?

Quando as empresas e governos não vão parar, cabe a nós pará-los. Nós somos o travão de emergência. Nós somos quem vai impedir de o caos climático.

13. A história é feita de pessoas como tu e como eu.

As mudanças histórias foram feitas por pessoas comuns. Viver em 2023 é viver num momento histórico. Este ano é decisivo para o resto da história da sociedade. Escolhemos disrupção para parar a destruição.

Tens de ser tu, connosco, a pará-los!

The post 13 motivos para vires Parar o Porto de Gás no dia 13 de Maio first appeared on Parar o Gás.